terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Acessibilidade e inclusão na cidade de Votuporanga

De que se tratam os termos acessibilidade e inclusão? No contexto da educação especial, acessibilidade refere-se à transposições de barreiras da pessoa deficiente para realização de seus objetivos. Seja na utilização de um banheiro, num passeio na calçada de seu bairro ou na conclusão de um curso superior.

Inclusão refere-se no total atendimento da pessoa com deficiência ao ponto de não existirem dificuldades maiores a ela do que a uma pessoa sem deficiência. Ou seja, um mundo em que quaisquer que sejam as diferenças, não hajam dificuldades maiores a ninguém. Inclusão não é um processo isolado, e sim parte de uma cultura que considera todos os indivíduos diferentes entre si, e que cada um tem a sua limitação (Livro I, Módulo III).

A acessibilidade apresenta seis dimensões (KELARA, 2003 apud SASSAKI, 2009), são elas: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. Falarei brevemente das dimensões arquitetônica e comunicacional em relação à cidade de Votuporanga/SP.

A dimensão arquitetônica refere-se ao acesso nos espaços físicos, prédios, casas, calçadas etc. É comum vermos prédios públicos, como escolas e unidades de saúde por exemplo, serem construídos já atendendo às normas de acessibilidade. Porém muitas construções antigas não atendem a essas normas e precisam ser adaptadas. Como exemplo, na cidade de Votuporanga/SP a rua central e as praças vem sendo reformadas atendendo à quem tem dificuldades de locomoção. São construídas rampas de acesso e sinalizadas vagas para estacionalmente. Porém em alguns bairros afastados do centro, as calçadas por exemplo, não apresentam dimensões apropriadas para cadeirantes e para uma adequação correta seria necessária a reconstrução da calçada.


#PraCegoVer: A fotografia mostra uma rua com uma faixa de pedestres que liga duas calçadas largas. Em cada extremidade da faixa existe uma rampa de acesso com corrimão e piso tátil.




#PraCegoVer: Na fotografia é possível ver uma calçada estreita. Em um local existe uma árvore praticamentes no meio da calçada, em outro um poste também no meio da calçada.


A dimensão comunicacional consiste na relação interpessoal. Para cegos por exemplo, os bancos e agência de correspondências saíram na frente quanto à instalação de pisos táteis e placas em texto Braile. Mas são poucas as instituições e lojas que apresentam esse tipo de sinalização. A adequação é fácil, falta apenas a conscientização da população quanto à sua importância. Em relação à utilização de Libras (Língua Brasileira de Sinais), na cidade existem diversos grupos de estudos realizados em igrejas e em escolas (Exemplo: Na Unifev - Centro Universitário de Votuporanga - e no Instituto Federal Câmpus Votuporanga através de cursos de extensão).

#PraCegoVer: Na fotografia é possível ver uma calçada larga com piso tátil que vão até uma rampa de acesso com uma escadaria ao lado. As duas têm corrimão.


A inclusão acontecerá de fato quando houver o atendimento de todas as dimensões da acessibilidade. Em Votuporanga os esforços partem de diversas vertentes, escolas, igrejas e poder público. A Secretaria de Direitos Humanos vem fazendo esforços para realizar o atendimento a pessoas com deficiência, como por exemplo, na utilização de intérpretes (2016, jornal A Cidade). Com o seu comprometimento, a conscientização da população e a utilização da tecnologia a favor da acessibilidade (2015, Tecnomobi) por parte das escolas e instituições de ensino, a situação atual do município pode gradualmente melhorar ao longo do tempo.

Referências:

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional de Reabilitação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar./abr. 2009, p. 10-16. Disponível em <https://acessibilidade.ufg.br/up/211/o/SASSAKI_-_Acessibilidade.pdf?1473203319>. Acesso em 28 fev 2017.

DIÁLOGO NORTE-SUL SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Declaração de Kochi. Kerala,
2003 (Apud SASSAKI, 2009).

Jornal A Cidade de Votuporanga. Disponível em <http://www.acidadevotuporanga.com.br/cidade/2016/08/mais-de-mil-deficientes-auditivos-serao-beneficiados-n31004>. Acesso em 28 fev 2017.

Tecnomobi 2015. Disponível em <http://vtp.ifsp.edu.br/tecnomobi/>. Acesso em 28 fev 2017.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Práticas Pedagógicas Inclusivas no Instituto Federal de Votuporanga

Entre as práticas pedagógicas inclusivas utilizadas pelos professores do Instituto Federal de São Paulo - Câmpus Votuporanga, duas se destacaram no ano de 2016: Atividades inspiradas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e a "Dinâmica de Acessibilidade".
 
Atividades inspiradas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos [1]

No mês de agosto de 2016, o Professor de Educação Física Me. Hudson Fabricius Peres Nunes, membro do NAPNE (Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas) organizou com os alunos dos Cursos Técnicos integrados ao Ensino Médio atividades educacionais inspiradas nos jogos olímpicos e paralímpicos. No estudo das competições paralímpicas, a ênfase foi dada em 3 modalidades esportivas. A primeira delas foi o “goalball”, em que os jogadores, de olhos vendados lançando uma bola que emite sinais sonoros, a segunda modalidade foi o “futebol de 5”, na qual, com vendas nos olhos, atletas jogam com uma bola sonora e são orientados na quadra pelo técnico, chamador e goleiro (este sem deficiência visual) e a terceira modalidade foi o “voleibol sentado”, em que, as equipes jogam sentadas, separadas por uma rede baixa.

Antes de ir para o jogo, os alunos fizeram atividades de adaptação: em dupla, um aluno conduzia outro, vendado, pelo câmpus do Instituto Federal. 

#PraCegoVer: Na fotografia alunos em duplas descem uma escadaria onde um dos alunos tem os olhos vendados e o outro caminha ao seu lado como guia.





De acordo com o Prof. Hudson, o objetivo é que os alunos vivenciem esses esportes adaptados a fim de que façam uma reflexão sobre as deficiências. “Como estamos contextualizados, a reflexão é importante: chamar a atenção dos alunos para as paralimpíadas, já que muitos nem sabem que o Brasil foi o 7º recordista de medalhas nas paralimpíadas de Londres, em 2012, e espera ser o 5º colocado agora em 2016.

 #PraCegoVer: Na fotografia os alunos estão na quadra poliesportiva. Os alunos estão jogando “goalball”, em que os jogadores, de olhos vendados lança uma bola que emite sinais sonoros.


Para Leonardo Belo Kisihara, aluno do 1º ano do Ensino Médio do Instituto Federal, as atividades foram muito enriquecedoras, pois despertaram o olhar para as dificuldades que os portadores de necessidades especiais têm de enfrentar. “Muitos paratletas superam as próprias limitações e mostram ao mundo do que eles são capazes. As paralimpíadas constituem um evento muito importante para promover a inclusão”, concluiu.


Dinâmica de Acessibilidade [2]

Com o principal objetivo de integrar o conhecimento teórico-acadêmico à prática da vivência de pessoas com restrição de mobilidade, a Profa. Ma. Naiara Luchini de Assis Kaimoti e o Prof. Me. Guilherme Shoiti Ueda propuseram aos alunos do 2º semestre do curso de Engenharia Civil e do 2º ano do Técnico em Edificações Integrado ao Ensino Médio uma dinâmica com foco no aprendizado de questões referentes à acessibilidade e sua correta aplicação nos edifícios.

#PraCegoVer: Na fotografia alunos caminham pelo pátio utilizando vendas nos olhos e cabos de vassoura que servem como bengalas. Outros alunos acompanham eles ajudando.



A atividade aconteceu em setembro de 2016. Os alunos foram divididos em grupos e, enquanto alguns tiveram de se locomover em cadeiras de rodas por todo o Câmpus Votuporanga, outros usaram cabos de vassoura e venda nos olhos para simular a realidade dos cegos. Durante o trajeto, um ou dois alunos ficaram responsáveis pela orientação espacial (os guias) enquanto outro se encarregou de anotar todos os obstáculos.

#PraCegoVer: Na fotografia alunos  atravessam a rua em frente ao Câmpus Votuporanga pela faixa de pedestres. Um deles anda de cadeira de rodas, outro com venda nos olhos e uma bengala e outro os ajuda atravessar.


Referências:
1 - http://vtp.ifsp.edu.br/vtp20/
2 - http://vtp.ifsp.edu.br/vtp10/

terça-feira, 27 de setembro de 2016

A pessoa com deficiência na minha história de vida

A lembrança mais antiga que tenho é sobre a primeira pessoa com Síndrome de Down que conheci. Seu nome é Tatiana. No ano de 1994 eu estava na pré-escola. Nesta época, imagino que devido a falta de informação, estrutura na educação pública e o preconceito em relação às pessoas com deficiência, a família dessa moça não sabia lidar com a situação. Tatiana vivia confinada dentro de sua casa. Quando saia com sua mãe, dificilmente interagia com alguém. Me lembro que quando eu a via sentia medo, pois eu tinha 6 anos e não entendia o porquê dela ser diferente. Tenho notícias que com o passar do tempo, a mãe de Tatiana conheceu a APAE e a história mudou.


Além disso, tenho uma prima surda. Aos quatro anos de idade ela contraiu meningite. A sequela dessa doença foi a perda da audição. Na época ela morava na cidade de Americana/SP. Lá estudava em uma escola que tinha salas exclusivas para crianças surdas. Nessas aulas ela aprendeu alguns sinais da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Depois se mudou para a cidade de Parisi/SP. Na escola estadual que passou a estudar não haviam salas exclusivas, portanto começou a estudar com crianças ouvintes. Ela foi matriculada em uma série anterior a sua idade para que ficasse na mesma sala que seu irmão. O fato de estar com seu irmão a ajudou muito e os amigos que ali conheceu se esforçaram para aprenderem a se comunicar com ela. Na família não aprendemos muitos sinais da Libras, conversávamos com ela utilizando mímicas e apenas o alfabeto. Anos se passaram, ela passou a estudar Libras e assim conheceu outras pessoas surdas.

Em 2009, durante minha graduação em Licenciatura em Matemática, tive aulas de Libras com uma professora chamada Maria Ângela. A professora sempre se apresenta a turma, fala um pouco de si e depois anuncia que não tem audição, que nasceu surda. Depois das aulas dessa professora, minha perspectiva sobre a pessoa com deficiência, principalmente a pessoa surda, mudou completamente.